No inAcio dos anos 1990, o bAlgaro-brasileiro Oleg Hazan e sua esposa Alice, que tinha os olhos verdes da jaguatirica selvagem, partem para um programa turAstico de final de semana na praia do lago CaracaranA. O misterioso Monte Roraima, para o qual Sir Arthur Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes, imaginou uma expediAAo em O mundo perdido, nAo fica muito distante dali. Na impossibilidade de dormir nas pousadas prAximas ao lago, o casal vai atA a cidade mais prAxima, Normandia, onde conhecem AntAnio Costa, dono da fazenda Santa VirgAnia, localizada As margens do rio Surumu. A partir deste inAcio aparentemente despretensioso, Ilko Minev entrelaAa em Na sombra do mundo perdido, com invejAvel fAlego ficcional, a histAria das famAlias Costa e Hazan ao longo de duas dAcadas. O pano de fundo A a batalha jurAdica (e policial) da demarcaAAo contAnua da reserva indAgena Raposa da Serra do Sol em Roraima e os violentos confrontos entre Andios e colonos que ocorreram neste perAodo. Mas as raAzes bAlgaro-judaicas de Minev nAo permitem que este livro seja simplesmente uma trama regionalista, aamazAnicaa. O destemido cosmopolitismo do narrador Oleg Hazan, de tintas autobiogrAficas, nos apresenta de modo igualmente afetuoso tanto a montanha Vitosha, da sua Sofia natal, quanto o amarelecido lavrado de Roraima, onde selvagens cavalos lavradeiros pastam o capim afura-buchoa. Ao final do romance, uma calorosa, porAm crAtica, celebraAAo da nossa mestiAagem cultural e linguAstica, o leitor nAo terA dAvidas que conseguiu abamburrara uma pedra preciosa sem ter enfrentado os perigos de estar em uma draga no rio Madeira.