Com sua narrativa mais do que esperta, a dimensão cósmica posta na conta certa, a alternância entre o clichê do ‘juviniilismo’ e a boa indagação existencial, o tratamento maduro e amargo da emoção, Marcelo fez um desses livros que não se encaixam de todo na cultura e na produção literária atual. Há nele um quê de ruído, de estranheza, de invenção mesmo"." José Maria Cançado, IstoÉ Três amigos universitários - Rindu, Martina e Mário - decidem aventurar-se numa expedição às cavernas do Vale da Ribeira. Ao explorarem o interior de uma gruta, são pegos de surpresa por uma enchente e ficam presos por três dias. Quando finalmente retornam a São Paulo, descobrem que as pessoas se transformaram em estátuas. A cidade, na verdade, o mundo, foi atingido por algo inexplicável. Os únicos "sobreviventes" são eles. O que aconteceu? O que fazer? É o que se perguntam, atônitos, os personagens da história. Até que as perguntas se tornam inúteis. Dividido em seis capítulos, quatro deles referentes às estações do ano, Blecaute narra as transformações por que passam os jovens, à medida que tentam entender o sentido de tudo aquilo e encontrar lógica na vida que estão vivendo. Enquanto transporta o leitor para um cenário perturbador e fantástico, o narrador Rindu também repassa a sua vida: a infância, a relação com os pais, os amigos, a escola, as namoradas. Marcelo Rubens Paiva, que com sua temática e seu estilo narrativo se tornou referência de leitura entre jovens, disse à época do lançamento da primeira edição do livro, em 1986: "... escrevi Blecaute ouvindo Tom Waits, King Crimson e Duke Ellington, deprimido por descobrir o tédio e a solidão, apesar dos apelos, o vício acima de tudo, apesar do universo em expansão, sentindo amor pela juventude e ódio pela verdade". Como afirmou o crítico e poeta Paulo Leminski, "Blecaute não pretende dar nenhuma lição nem trazer nenhuma mensagem implícita ou oculta. Apenas divertir. Marcelo narra bem, e a fábula de Blecaute rola redondo, com fluência".