Depois de Jean Genet falando de Rembrandt e de Antonin Artaud, de Van Gogh, a Editora José Olympio apresenta o Cézanne de Philippe Sollers, também com traduçao de Ferreira Gullar. Para o escritor, nenhum pintor o comove tanto quanto Cézanne. "Tento a toda hora entender esta emoçao descomprometida, violenta. Parece tratar-se de uma emoçao do próprio pensar além de toda representaçao. Cézanne é um Deus. Nao um Deus oculto, mas infinitamente próximo e tanto mais difícil de apreender." O ensaio sobre Cézanne, escrito em 1995, analisa as controvérsias que cercaram o impressionismo tardio e peculiar do pintor da Provence. A fidelidade à natureza de Paul Cézanne é o ponto central da argumentaçao de Sollers contra os críticos. É nesta fidelidade que está a integridade do pintor, sua insubmissao. Ridicularizado pela direita; ignorado ou desprezado pela esquerda; tratado como fracassado por alguns; considerado como um Deus por Picasso e Matisse, antes de ser, de novo, tido como degenerado, burguês decadente, traidor dos valores. Tudo o que resta no açodamento era fazê-lo passar por um precursor inibido, espécie de futurista ainda iludido em suas figuraçoes inúteis. No entanto, segundo Sollers, é preciso ouvir Rimbaud na Natureza de Cézanne. "Possuir a verdade numa alma e num corpo" e atravessar as paisagens como ninguém. "A mistura das árvores e do ar leve. O claro dilúvio que sai dos prados." A ediçao inclui ilustraçoes de algumas obras do pintor, bem como um índice das mesmas.