A cultura medieval foi perpetuada ao longo do tempo de dois modos: as grandes "Summas" tanto filosóficas como teológicas, nas quais ficou contido o pensamento medieval, e as "Catedrais" góticas, síntese da arte e da vida do povo da Baixa Idade Média. Aqui, o autor procura pôr a descoberto o "Mistério" que encerram essas catedrais, verdadeiros compêndios de história lavrados em pedra. Santuários da Tradição, da Ciência e da Arte, as catedrais góticas não devem ser contempladas como obras unicamente destinadas à glória do cristianismo, mas muito mais como uma vasta concreção de ideias, tendências e fé populares da Idade Média. As surpreendentes abóbadas, a nobreza das naves, a amplitude das proporções e a extraordinária perfeição do conjunto, fazem da catedral gótica obra única, de incomportável harmonia e, ao fruir a sua beleza não podemos deixar de pensar se apenas o exercício de um culto poderia ter sido o fim último de uma tão alta manifestação do Espirito. É assim que, neste livro maravilhoso e simples, Fulcanelli nos revela, numa elevada compreensão da linguagem e dos homens, outros mundos no mundo das catedrais góticas. De catedrais e de alquimia aqui se fala embora a alquimia seja entendida apenas como a régia arte de transmutar a matéria caótica em ouro puro e não como a transmutação espiritual do próprio adepto. E se outro mérito não tivesse, bastava que Fulcanelli nos apontasse a intima relação entre a arquitectura gótica e a alquimia para que valesse realmente a pena debruçarmo-nos sobre esta obra.