A Biblioteca Azul lança nova edição de O livro das evidências, obra de John Banville que estava fora de catálogo há algum tempo. Em tom confessional e com uma escrita ácida repleta de ironias, na qual promove uma construção sobre o comportamento humano, o irlândes, vencedor do aclamado Man Booker Prize, apresenta ao leitor uma obra-prima da literatura contemporânea. Após abandonar o emprego de cientista, Freddie Montgomery decide ir morar com a esposa e o filho em uma ilha do Mediterrâneo, bebendo gim e desfrutando a vida às custas do dinheiro da família. Quando acaba, ele resolve pegar um empréstimo para manter seu alto padrão de vida, mas termina se envolvendo com pessoas tão indignas quanto ele. Para sanar a dívida, parte sozinha para a Irlanda, em busca do que restou do espólio de seu pai. Só não imaginava que a mãe havia usado os últimos bens para investir no não tão promissor comérico de pôneis. Desesperado, Freddie tenta recuperar uma das valiosas obras de arte que sua mãe vendera para um conhecido colecionador, mas mete os pés pelas mãos e comete um inesperado ato de covardia. Narrado pelo detestável, mas fascinante transgressor, com uma escrita ácida e repleta de pistas falsas, O livro das evidências é um típico romance de John Banville. Trecho:“Não era só a bebida, no entanto, que estava me deixando feliz, mas a ternura das coisas, a simples bondade do mundo. O pôr do sol, por exemplo, quão prodigamente ele se punha, as nuvens, a luz no mar, aquela comovente extensão azul-esverdeada, tudo isso se punha como que para consolar algum viajante perdido, padecedor. Eu nunca de fato me acostumei a estar neste planeta. Às vezes penso que nossa presença aqui se deve a um deslize cósmico, que tínhamos sido designados para outro planeta, com outros arranjos, e outras leis, e outros e severos céus. Tento imaginá-lo, nosso lugar verdadeiro, distante lá na outra ponta da galáxia, redemoinhando e redemoinhando. E os que tinham sido designados para cá, estariam eles por aí, desconcertados e com saudades de casa, como nós? Não, eles teriam se extinguido há muito. Como poderiam sobreviver, esses amáveisterráqueos, num mundo que foi feito para comportar a nós?”