Onde a homossexualidade masculina parece bem ser hoje ostentatoriamente o último bastião do falicismo paterno, a homossexualidade feminina, mais discretamente, continua a exercer a critica feminina que ela sempre constitui contra o mundo organizado pela "todo-homia" masculina.Seu protesto se dirige principalmente contra a universalidade de que a lei paterna pretende ser fiadora. Como o desejo do pai poderia fazer lei para todos e em particular para as mulheres na medida em que ele desconhece a mulher? Nisso, as mulheres homossexuais sempre estiveram, lembremos, na dianteira da reivindicação feminista e sempre foram combatentes infatigáveis de causa das mulheres, defendendo a idéia de um direito "justo", isto é, que torne iguais todos os sujeitos diante da lei e assim corrija os efeitos perversos de uma ordem paterna discriminatória.Nesse ponto, o discurso delas se confunde com o discurso histérico, com essa singularidade de assumir, no sentido próprio, todo o peso da particular sobre elas. Com efeito, se a intimação da histeria "Há um ou não?", ao se fazer a expressão de sua procura de um sentido e de sua busca de um Outro que lhe dê limites, sustenta incansavelmente sua relação com o pai, a homossexual, esta, segura de sua demonstração de que não há exceção do lado homem, fica muito bem sem ele ao fazer existir a exceção do lado mulher. Assim fazendo, tanto uma quanto a outra fracassam, na medida em que o Um a que elas aspiram não depende tanto do simbólico quanto dos poderes do significante.